quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A CULTURA DO ZIMBABUÈ

Lusaca, 12 Abr (Inforpress) - Os dirigentes da África Austral, geralmente pouco inclinados a criticar o presidente Robert Mugabe, encontram-se hoje, em Lusaca, para tentar encontrar uma saída para a crise política no Zimbabué, onde sobe a tensão entre o poder a oposição. O mais velho dos chefes de Estado africanos, 84 anos, boicota a reunião onde será representado por quatro ministros, noticiou sexta-feira a rádio estatal zimbabueana.O seu rival na eleição presidencial de 29 de Março, o líder do Movimento Democrático para a Mudança (MDC) Morgan Tsvangirai, estava anunciado para a Cimeira, para a qual foi convidado pela presidência zambiana da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, 14 países).Em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou sexta-feira a sua inquietação com os riscos de agravamento da situação no Zimbabué caso perdure o impasse pós-eleitoral.No comunicado, Ban "felicita os dirigentes da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral pela sua decisão" de se reunirem em Cimeira para discutir a situação no Zimbabué.O partido de Mugabe, no poder desde a independência da antiga Rodésia do Sul britânica em 1980 sofreu o seu primeiro revés eleitoral, perdendo o domínio de 28 anos na Câmara dos Deputados.Tsvangirai, que nos últimos dias visitou os principais líderes da região, reivindicou a sua vitória nas presidenciais. O seu partido rejeitou a ideia de uma segunda volta, reclamada pela Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica) no poder.Os analistas mostram-se reservados sobre o desfecho da cimeira: "Não se deve esperar demasiado. O facto de os chefes de Estado se reunirem significa que se pressiona Mugabe. Mas no passado eles foram tímidos", lembrou Neo Simuntyi, analista da Universidade de Zâmbia.Em nome da solidariedade regional, os dirigentes africanos sempre evitaram condenar publicamente Mugabe, apesar do marasmo económico e das violações dos direitos humanos no Zimbabué."A maioria dos dirigentes africanos têm a mesma ascendência política e caso se mostrassem duros com Mugabe, isso criaria um precedente", salienta Sehlare Makgetlaneng, do Instituto para a África em Pretória."Se eles se mostrarem críticos, essa crítica será extremamente moderada. Eles não querem que lhes aconteça o mesmo", disse.Segundo ele, a situação é comparável à do Quénia, onde as violências pós-eleitorais de Dezembro e Janeiro fizeram mais de 1.500 mortos, notando que "os dirigentes africanos não fizeram absolutamente nada".Mediador da SADC na crise zimbabueana, o presidente sul-africano, Thabo Mbeki, muito aguardado em Lusaca, sempre foi o campeão de uma "diplomacia discreta" em relação a Mugabe.A sua atitude desta vez não deverá ser diferente."O nosso governo não tem o poder de pedir a outros presidentes para se retirarem. O Zimbabué não é uma província sul-africana", salientou o seu vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Aziz Pahad.Makgetlaneng sustenta que a não publicação do resultado da eleição presidencial no Zimbabué "é uma vergonha para a região e o continente", prevendo que os dirigentes da SADC vão pelo menos lançar "um sério apelo a Robert Mugabe e à Comissão Eleitoral para entregar imediatamente os resultados".



THAYNARA E NATHALIE

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